sábado, 31 de maio de 2008

Culinária Poética-Mousse de Coco




Há tempos, Marisa Cajado solicitou receitas em versos para um livro- e eu escrevera algumas, para lembrar minha mãe,então, enviei-lhe uns dois poemas.
Depois, Cadu Prianti fez o mesmo pedido e lhe enviei o da Mousse de Coco.
Hoje, busquei-a e encontrei a página, muito elegante,no site http://culinariapoetica.com.br/mousse.htm

Então, escrevi no guestbook:

Quem reconhece/
na culinária /
os elementos da magia,/
está apto /ao "banquete de Eros"/
a saborear o maná e a ambrosia/
no Olimpo, servido por Hebe/
a deusa da eterna juventude/
em convívio com os deuses.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes(Gostei de ver meu poema aqui -e agradeço a doce hospedagem

http://culinariapoetica.com.br/mousse.htm

clevane pessoa de araújo lopes
belo horizonte, mg brasil - 31-maio-2008 / 23:50:35

O recado dos gentis e criativos responsáveis pelo site:

"Culinária Poética



Da mistura de diversos aromas, do gostinho de sentir

Da criação na procura da alma, que busca na ilusão

Da vontade de amenizar a fome, repartindo o pão

Da palavra escrita, descrita em viagem do ir e vir



No encontro de três amantes; a causa, a ação e a reação

No confronto da igualdade somada a amores e dissabores

No relato em fatos resultados de compreender das cores

No quadro pintado em constantes retoques a seis mãos



Em compasso formado no som eternizado do arbítrio

Em passos certos do caminhar seguindo uma direção

Em linha reta sabendo do pulsar em único coração



A certeza de ter a presença do idealismo junto ao átrio

A espera de mostrar da entrada ao requinte das mesas

A arte de em receitas servir a poesia em sua realeza.





Aos amigos, deixamos nossa proposta.



Com, ou sem reservas.



Estamos prontos a servir.



Cadú, Crys e Ramoore".



Ah, e eis a minha receita, ou melhor, a receita de minha mãe, em meu poema(que boa simbiose!):

Mousse de Coco





Minha mãe, Terezinha do Menino Jesus,
gostava de receitas muito fáceis,
porque embora adorasse cozinhar
no sentido literal
preferia mesmo era brincar
com os seis filhos
(por isso ,o que fazia de alimento,
tinha de render, também...)
A mousse quase não vai ao fogo.
Vira uma espécie de jogo
onde se pode substituir
uma coisa por outra similar
ou.totalmente
diferente...
Aí vai:

Coloque para dissolver
em cinco colheres de água fria
um envelopinho de gelatina
sem nenhum sabor
(a diabinha é como certas mulheres
"sem personalidade"definida
que se fazem `sombra de outra vida
e se esquecem de si mesmas)...

Por cinco minutinhos iguais,
deixe o pozinho amolecer
(Ah, eu não disse que era em pó, desculpe!)...
Agora leve ao fogo a panelinha
se possível de ágata ou vidro
em lento fogo baixo,mexendo
além dos quadris, se estiver cantando,
se estiver dançando
(minha mãe dizia que
é preciso estar feliz
na hora de preparar o alimento),
essa poção...

Agora, deixe esfriar,
ou melhor, amornar!.
Abra um lata de leite condensado
um vidro de leite de coco
mas se for lá do Nordeste,
deixe a preguiça de lado
e rale a polpa preciosa,
de um coco seco,
passando-a pelo pano limpo, claro e ralo,
alvejado ao sol bem quente...

Reserve uma porção
do tamanho de uma mão
não, não de mamão e sim, da sua mão...
Extraia o leite nutritivo (sei
que há quem o faça
acrescentando água fervente
para aumentar a quantidade
e diminuir o trabalho)...

Coloque no liquidificador
o leite-de-coco, o condensado,
vá pensando com amor
no excelente resultado.
Incorpore a gelatina diluída...
Ligue e bata bem...

À parte:


Depois pegue dois ovos
e bata as claras em neve,
à mão,para que virem nuvens
bem flocadas, bem branquinhas...
Tire a mousse do liquidificador
coloque numa bela vasilha funda,
molhada com água
(claro, filtrada!)
ou com uma calda qualquer
(de morango, de caramelo,
de ameixa ou chocolate,
a que preferir).

Enfeite com os flocos de coco reservados
(se não souber ralar, pode usar
os de pacotinho ou caixa,
ou comprados a granel)...
Use o que tiver à mão, para decorar
e mais gostar...

E pronto, é só gelar,
depois saborear...





Clevane Pessoa de Araújo Lopes

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